"O que você sabe sobre esta questão?", disse o Rei para Alice.
"Nada", disse Alice.
"Absolutamente nada?", insistiu o Rei.
"Absolutamente nada", disse Alice.
"Isso é muito importante", disse o Rei... (Lewis Carroll)



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O piado das corujas

Abriu os olhos naquela manhã, e tudo o que via eram as paredes rodando rodando rodando lenta e suavemente. Num piscar de olhos voou pro banheiro e foi sentindo seu corpo pesar cada vez mais sobre o vaso que parecia flutuar. O mundo rodante foi se apagando à sua volta, e seu corpo tombou pro lado feito uma árvore desequilibrada incapaz de resistir a uma ventania. Perdera os sentidos pra encontrar o sentido no chão gelado contra a sua face e na língua que aos poucos descobria caminhos através de um dente quebrado. Mas que sentido? Nada fazia sentido naquele mundo desgovernado. Queria se levantar, mas o corpo não obedecia e apenas se ergueu alguns milímetros pra se abrigar sobre o tapete. Ali, naquele momento que parecia uma eternidade, só queria que as corujas que ajudara a extinguir no boteco da noite anterior parassem de piar dentro da sua cabeça pra que, em silêncio, pudesse voltar a dormir e a sonhar com a dama de vermelho.

domingo, 7 de novembro de 2010

Somos

dois pares de pés desencontrados caminhando errantes sobre a areia macia e prestes a sair da paisagem pra quem sabe um dia se encontrar numa outra fotografia.